A Polícia Civil do Rio de Janeiro iniciou hoje a Operação Blasfêmia, com o objetivo de desarticular uma quadrilha que se passava por pastor para extorquir fiéis em troca de “orações” e “milagres”. O esquema operava por meio de uma central de telemarketing localizada no Centro de Niterói e está sendo alvo de mandados de busca e apreensão em uma ação conjunta com o Ministério Público.
De acordo com as investigações da 76ª DP (Niterói), os atendentes, recrutados por anúncios em plataformas online, eram instruídos a se passar pelo líder religioso em atendimentos via WhatsApp, utilizando áudios pré-gravados para prometer curas em troca de transferências via Pix. O valor das cobranças variava entre R$ 20 e R$ 1,5 mil, dependendo do “tipo de oração” solicitada.
O governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, manifestou sua indignação com a situação, destacando a importância da ação da Polícia Civil para coibir crimes que se aproveitam da fé das pessoas.
Os crimes investigados incluem estelionato, charlatanismo, curandeirismo, associação criminosa, falsa identidade, delitos contra a economia popular, corrupção de menores e lavagem de dinheiro. Para movimentar o dinheiro arrecadado, o grupo utilizava uma rede de contas em nome de terceiros, dificultando a identificação dos responsáveis. Além disso, eram estabelecidas metas semanais e oferecidas comissões; aqueles que não alcançavam o mínimo exigido eram dispensados.
A investigação teve início em fevereiro, quando 42 pessoas foram flagradas atuando no call center e foram apreendidos 52 celulares, 6 notebooks e 149 chips pré-pagos. O material apreendido revelou milhares de vítimas em todo o país, e a análise financeira identificou movimentações superiores a R$ 3 milhões em dois anos.
Com base nas evidências, a Justiça determinou o sequestro de bens e o bloqueio de contas dos investigados e de empresas associadas a eles. Nesta primeira fase, o suposto pastor e outros 22 envolvidos foram denunciados, e o líder do grupo foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica como medida cautelar. As investigações estão em andamento para identificar novas vítimas e possíveis cúmplices do esquema.